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domingo, 14 de novembro de 2010

Na ponta dos pés.

Quando entro na velha e imensa sala de espelhos onde cresci dançando na ponta dos pés, lembro-me de como eu era pequenina e frágil aparentemente desengonçada, deveria ter meus cinco anos, quando fui apresentada a minhas futura e até então desconhecidas companheiras.
 Ali estava minha mãe olhando como os seus olhos azuis que me olhavam, quando algo de bom fazia-lhe, seus olhos iluminavam aquela sala com aspecto desleixado, olhos azuis como o céu brilhavam intensamente na minha direção, seu sorriso mostrava-me que eu estava dando lhe imensa alegria, pelo simples fato de estar ali com suas velhas conhecidas. De laços de fita de cetim rosa, combinando com a textura e com a tonalidade de minha pele apagada e sem vida, com meus olhos azuis como o de mamãe, e com meus cabelos em um imenso coque dourado, entravamos em perfeita sintonia. De imediato era desagradável como meus dedinhos se mantinham apertadinhos ali na frente, mas mamãe dizia que eu iria me acostumar, que eu estava linda parecia uma de minhas bonecas de estante.
 Todos diziam que eu era pequenina e frágil, meu corpo era fino e miudinho, parecia uma menina que a qualquer momento se desmancharia como pirâmide de carta, que com um sopro se despedaça.
 Assim foram belíssimos anos, sempre ali fui crescendo e gostando cada vez mais do que um dia era desagradável aos meus pés, minha aparência não mudou muito, mas minha percepção de vida mudou completamente, aos quinze anos comecei a construir sonhos e a almejar fazer parte da escola de ballet, a melhor do mundo já vista entre os povos, e faria de tudo para conseguir. Pois quando via os olhos de minha mãe em todos os meus ensaios e apresentações, sorrindo e torcendo por mim, era como se ela compartilha-se de um sonho em comum, uma verdadeira paixão.
 Após um teste para entrar na companhia de dança, e descobrir que eu havia sido aprovada, fiquei exatamente sem saber se eu já poderia gritar ou deveria manter me em silêncio pois ainda minha caminhada não havia terminado.
 Minha mãe ficou contente por eu ter conseguido algo tão cedo, de estar seguindo o caminho certo e me manter na trajetória exata. Então lhe disse obrigada pelas primeiras sapatilhas desconfortáveis, mas magnificas, ela apenas me disse você esta realizando o que eu não consegui cumprir, pois ninguém me  incentivava a ser uma linda bailarina, e as coisas não eram fáceis na minha época, onde havia uma única escolha ,desistir.
Então após ela me dizer entendi, o que se passava dentro do seu coração e daqueles olhos azuis, quando eu dançava, e saberia que ela sempre estaria ali comigo.
Descobri que cada vez que eu caia era pra me mostrar, que as coisas não são fáceis, que uma bailarina deve estar em perfeito equilíbrio para não cair, e assim é na vida, equilíbrio mantém firme aqueles que na ponta dos pés caminham, que meus dedinhos apertados sofreram mas que não desistiram, aprendi que o aspecto frágil e apagado, pode surpreender na questão talento e força.
 Enfim, manter-se nas pontas dos pés, requer mais que força de vontade, e sim sonhos que nos dão força e equilíbrio constante.

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